sábado, 22 de agosto de 2015

A Doença Presbiteriana

   Ontem fiz uma visita à casa do meu avô Rev. Cephas Reinaux de Barros. Ele me mostrou muitas fotografias antigas de seu arquivo pessoal que remontam um período de aproximadamente 60 anos de seu ministério na Igreja Presbiteriana do Brasil.

   Esta foto despertou prontamente a minha atenção pelo fato de mostrar um caminhão, Chevrolet 1951, transportando de forma precária muitas pessoas. Eu logo perguntei qual a história daquela imagem e fiquei ainda mais impressionado com seu significado.

   Trata-se de um caminhão carregado de crentes. Homens, mulheres, crianças e idosos cheios de vigor indo de Garanhuns para Canhotinho no agreste de Pernambuco (trecho de 44 km de estrada de barro na época) para um dia de evangelismo no dia 12 de agosto de 1959 em comemoração do centenário da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).

   A foto provocou em mim um misto de alegria e tristeza. Alegria por ver que a nossa denominação (IPB) tinha os olhos, o coração e também os pés prontos para as missões, o que fazia os nossos irmãos do passado se empenharem com afinco à causa de Cristo. Por outro lado me veio também a tristeza, pois de um modo geral, como pastor da IPB que sou, não vejo a mesma dedicação dos irmãos presbiterianos hoje, e pouquíssimos são os que se disporiam à deixar o conforto de lado em favor do evangelho (a começar pela nossa liderança).

   Olhos fechados, corações endurecidos e pés atrofiados são marcas da IPB atual. Se as minhas palavras não convencem a você de que o presbiterianismo brasileiro está doente, veja os dados e compare:


  • Igreja Presbiteriana Nacional do México: 114 anos, 6.000 igrejas, 2,8 milhões de membros, 2ª maior denominação do México;
  • Igreja Presbiteriana da Coréia do Sul: 128 anos, 10 milhões de membros, possui o 5º maior templo do mundo em Pyungkang Cheil que comporta 60 mil pessoas por culto, sendo também a maior denominação da Coréia do Sul;
  • No Brasil, os nossos "irmãos mais novos" da Convenção Batista Brasileira: 150 anos, 8.357 igrejas, 3,7 milhões de membros;
  • Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB): 156 anos, 5.392 igrejas, 921 mil membros.
   Os dados mostram igrejas mais novas e de linhas tradicionais e reformadas tanto quanto nós, mas que obtiveram um crescimento muito superior ao nosso. O batistas aqui, por exemplo, são quatro vezes mais numerosos que nós presbiterianos que já fomos a maior denominação do Brasil no passado. 

   A doença presbiteriana certamente não está na forma de transporte que utilizamos para ir ou levar irmãos ao evangelismo, mas a doença está em que nós mudamos com o passar das gerações. Vamos de lado a lado utilizando transportes muito mais confortáveis e velozes que um caminhão Chevrolet 1951, temos os mais avançados meios de comunicação, as mensagens instantâneas, mas esquecemos no meio de todo esse alvoroço a coisa mais importante, A MENSAGEM

   Temos os mais eficazes meios de transporte para que a mensagem se propague rapidamente e da maneira mais adequada e segura, no entanto as Boas Novas parecem ter "perdido a graça", pois demandam tempo demais e cuidados demais para o ágil presbiteriano de hoje em dia que vai ficando para traz.

   O remédio é algo bem drástico, porém simples. Dispensem os carros e vamos a pé até ao nosso parente, amigo, colega de trabalho e anunciemos com as nossas vozes e a nossa prática a Palavra do Senhor, pois "quão formosos são os pés do que anunciam coisas boas!" (Rm 10.15). 



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